“Por não se comunicar com ninguém, vivia em um torpor de sonâmbulo. As procissões de Corpus Christi reanimavam-na. Ela ia até os vizinhos pedir tochas e esteiras para embelezar os andores que passavam na rua.
Na igreja, sempre contemplava o Espírito Santo observava que nele havia algo de similar com o papagaio. A semelhança pareceu-lhe ainda mais evidente em uma imagem de Épinal representando o batismo de Nosso Senhor. Com as asas de púrpura e o corpo de esmeralda era realmente o retrato de Lulu.
Tendo-o comprado pendurou-o no lugar do conde de Artois – de maneira que, com um só olhar, via-os juntos. Associavam-se em seu pensamento, o papagaio santificado pela relação com o Espírito Santo, que por sua vez se tornava mais vivo a seus olhos e inteligível. O Pai para expressar-se não deveria ter escolhido uma pomba, uma vez que esses animais não têm voz, mas antes um dos ancestrais de Lulu. E Felicidade fazia suas preces olhando a imagem mas, de vez em quando, virava-se um pouco em direção ao pássaro.”
trecho do lindo, lindo “Um Coração Simples”, de Três Contos. Flaubert, querido, vai escrever assim na PQP, OK?
A questão é: os outros dois contos manterão o nível? A ver.